Existem variados conceitos de BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção), porém são similares ou complementares. A visão de Chuck Eastman, professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados unidos e um dos pioneiros do conceito, diz que:
“BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores (AEC) na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base de dados que contém tanto informações topológicas como os subsídios necessários para orçamento, cálculo energético e previsão de insumos e ações em todas as fases da construção” (Eastman, 2008).
Outra definição de BIM é a feita pela Building Smart, organização mundial de desenvolvedoras de tecnologia para o setor da construção, que define BIM como:
“Representação digital das características físicas e funcionais de uma edificação, que permite integrar de forma sistêmica e transversal às várias fases do ciclo de vida de uma obra com o gerenciamento de todas as informações disponíveis em projeto, formando uma base confiável para decisões durante o seu ciclo de vida, definido como existente desde a primeira concepção até à demolição”
Percebe-se que em ambas definições existem referências de BIM como representação ou modelo virtual, pois BIM é também uma representação digital e deve possuir uma visão 3D, mas não é somente isso. Além do 3D, o BIM possui uma série de outras informações, justificando a letra “I” em sua sigla que significa justamente informação.
No conceito BIM, as características físicas da construção são representadas na sua geometria, enquanto as demais informações funcionais são agregadas a essa edificação. Essas informações tem por propósito integrar todos os agentes e disciplinas envolvidas no desenvolvimento de um projeto em todas as suas fases, impactando não só a parte de concepção mas também a execução, implantação, manutenção e gerenciamento de um projeto.
O BIM se apresenta então como um modelo com diversas camadas de informação, organizadas de forma sistemática, de modo que possam ser acessadas no tempo certo e da forma correta, desde a concepção até o retrofit ou demolição.
Vale lembrar que o conceito BIM para as áreas de Arquitetura, Engenharias e Construção (AEC), serve de embasamento não apenas para uma construção específica, mas sim para simular o desenvolvimento do empreendimento em um bairro ou cidade, o comportamento da estrutura frente a questões climáticas, de conforto e segurança, eficiência energética e de consumo de materiais. Essas informações permitem perceber os impactos, interferências e ganhos sociais da edificação em todo seu ciclo de vida.
Por isso o BIM é muito mais amplo que visualização 3D ou um software, ele é um novo conceito para construção civil, que agrega empoderamento ao projeto e facilita todo o fluxo de execução e gestão da obra.
O BIM é uma construção virtual da obra, feita de forma integrada e colaborativa com as informações pertinentes a construção, durante todo seu ciclo de vida.
Na década de 70 já se sentia a necessidade de agregar informações as linhas desenhadas nos softwares de desenho assistido por computador (CAD), desenvolvidos cerca de 20 anos antes para auxiliar no desenvolvimento de projetos relacionados a redes elétricas.
Em 1974, Charles M. Eastman ou apenas Chuck Eastman, professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados unidos, juntamente com uma equipe de estudiosos, criaram então o conceito BDS (Building Description System ou Sistema de Descrição da Construção), que tinha como intuito comprovar que uma descrição de uma obra baseada em computador, poderia replicar ou melhorar todos os pontos fortes de desenhos, fortalecendo um meio para a elaboração de projeto, construção e operação, bem como eliminar a maioria de suas fraquezas.
Esse conceito de Eastman aliado a evolução do desenvolvimento de softwares, permitiu que os projetos e documentos então elaborados em papel, passassem a ser elaborados através da utilização de sistemas computacionais, os chamados CAD (Computer Aided Design ou Desenho Assistido por Computador), e funcionou como uma espécie de chave para as novas discussões de facilitações tecnológicas que viriam.
Em 1986, um artigo de Robert Aish – que trabalhava com a GWM Computers Ltd, – uma desenvolvedora de softwares como o RUCAPS -, tornou-se o primeiro uso documentado do termo Building Modeling no sentido que usamos hoje. Neste artigo, chamado “Three-dimensional Input and Visualization”, Aish estabelece características e argumentos que compõem o BIM, como modelagem tridimensional, componentes inteligentes e paramétricos, banco de dados relacionais e faseamento temporal dos processos de construção, entre outros conceitos.
A variação do termo “modelagem da construção” utilizado por Aish, para o termo Building Information Model ou BIM, foi realizado pelos professores G.A van Nederveen e F. Tolman em seu artigo denominado Automation in Construction em 1992, tendo sido este artigo o primeiro uso documentado do termo BIM como conhecemos hoje.
Portanto, o termo BIM completou em dezembro de 2017, 25 anos de existência desde sua primeira aparição documentada. No entanto, o conceito BIM já supera a marca de 40 anos de idealização, o que comprova que essa forma de pensar é madura e coerente.
E se engana quem pensa que o conceito de BIM é novidade no Brasil. Por mais que a popularização do BIM no cenário da construção civil brasileira tenha ganho força a partir de 2010, já existiam softwares específicos para projetos que estavam alinhados a necessidade de agregar informações as linhas comuns dos ambientes CAD.
A AltoQi, através dos seus softwares Eberick, Hydros e Lumine, já trabalhava em sintonia com a essência do BIM, e diferentemente dos softwares nacionais específicos disponíveis na época, oferecia em sua plataforma o diferencial da informação dos elementos, onde em seu ambiente CAD as linhas desenhadas eram na verdade, os próprios elementos constituintes da construção, como paredes, tubulações e fios.
Esta é uma pergunta que sempre devemos fazer para todos os assuntos. Acompanhar o contexto histórico pode nos auxiliar na elaboração da resposta dessa pergunta. A criação dos primeiros protótipos e máquinas para auxiliar no desenvolvimentos de projetos, ainda na década de 50, teve como motivação a melhoria no desempenho e na velocidade em que os projetos poderiam ser desenvolvidos.
Com o uso da computação suprindo a necessidade de agilidade na concepção de projetos, percebeu-se então a oportunidade de armazenar informações importantes da edificação nos projetos, como material a ser usado, componentes e orientações para execução e manutenção do empreendimento, durante todo seu ciclo de vida. Surgia aí o motivo para criação e também a essência do conceito BIM.
Organizar sistematicamente todas as informações pertinentes a edificação durante todo seu ciclo de vida, de forma que o acesso a essas informações seja rápido e simples, traz um empoderamento aos projetistas, que podem anteceder interferências e impactos da estrutura em sua realidade geográfica e social. Por isso o BIM é muito mais amplo que a realidade virtual.
Em todas as disciplinas e para todos os profissionais envolvidos no desenvolvimento de um projeto. Como sabemos, o foco do conceito BIM é a informação ou a modelagem da informação. Por isso, todos os atores que compõem a concepção de uma obra, seja ela nova ou reforma, devem estar inseridos no conceito BIM.
O BIM abrange não apenas para os profissionais projetistas envolvidos na fase de projetos de um empreendimento, mas também os envolvidos no processo de planejamento, execução e gerenciamento, além dos investidores do empreendimento, público ainda não frequente – mas deveria ser – nas palestras e eventos sobre BIM. Falaremos mais tarde sobre esta perspectiva.
O cenário de todas as obras serem pensadas com o conceito BIM é mais iminente do que parece. Em países como Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Estados Unidos da América já exigem o uso do BIM em projetos custeados pelo governo. No Brasil, o presidente Michel Temer, sancionou o DECRETO DE 5 DE JUNHO DE 2017 , que instituiu o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling – CE-BIM, com a finalidade de propor a estratégia nacional para disseminação do Building Information Modelling – BIM.